Fiquemos atentos às dualidades na natureza. Assim como existe dia e noite, alegria e tristeza, sol e chuva, existem também pessoas coco e pessoas manga.
O filósofo Jorge Angel Livraga explica que é compreensível nos afastarmos de pessoas coco. São os tipos duros por fora. Trazem sempre uma palavra áspera, um gesto grotesco e nada de afagos nem gentilezas. Elas têm algo doce, mas é de difícil acesso, está lá no fundo envolto numa casca grossa. Pessoas assim dão-nos uma canseira danada no dia a dia. A lida com as pessoas coco é difícil, mas esses tipos têm sua valia. Somos levados a ficarmos espertos, ligados, antenados ao nos aproximarmos delas. O ruim é porque estamos sempre armados e prevenidos contra as indelicadezas que com certeza virão. Ficar alerta aos perigos traz benefícios e nos protege de tragédias. Mas quando esse alerta é diário, intenso, causa-nos um mal-estar, uma fadiga que poderia ser evitada. Os tipos coco levam-nos a exercermos algumas virtudes como a paciência. Quem não tem disposição para pequenas batalhas afasta-se dessas pessoas sorrindo, assoviando, sem dar maior importância às ofensas recebidas. A gentileza conosco mesmo é outra virtude que exercitamos em convivência com a pessoa tipo coco. É normal ficarmos em silêncio para evitar uma resposta grosseira que venha a ofender a nós mesmos. Essa gentileza não é consideração ao agressor, mas a nós próprios que não nos encaixamos naquela rinha, naquele campo de batalha, naquela sintonia ruim. Por outro lado, existem as pessoas tipo manga. Essas são macias, suaves, delicadas por fora. A parte dura está dentro, é difícil acessarmos. São os tipos com gestos, voz e atitudes aveludados. Elas têm um encanto próprio e em volta delas tem sempre alguém sorrindo com espírito desarmado. É natural querermos nos juntar a pessoas tipo manga. Esse acolhimento eleva-nos a alma e faz-nos convivermos em mais alto nível pois nos sentimos acolhidos. Sabemos que não seremos espezinhados num nível grosseiro por ninharias. Pessoas assim alegram nossos dias e quando nos despedimos delas ansiamos reencontrá-las no dia seguinte. As pessoas tipo manga são um bálsamo para nossa alma. Com elas aprimoramos a capacidade de dialogar, de falar e ser ouvido. A convivência com o outro exige zelo independentemente de quem estejamos lidando. O cuidado com o outro deve nortear nossos pensamentos, palavras e ações. A convivência em sociedade pressupõe harmonia entre os membros. Como a ênfase é o ser humano, e como pensamos, falamos e agimos diferentes uns dos outros, é imprescindível vigiarmos nossas ações para mantermos a harmonia em coletivo. Ora, se não estamos sozinhos, é nossa obrigação cuidar do outro. Os grupos unidos são os mais bem sucedidos, têm os mesmos propósitos, trabalham com objetivo iguais. Assim como existem grupos que exaltam os tipos cocos também existem os que são felizes ao lado das pessoas tipo manga.
Texto produzido em junho de 2021
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